Foi um alarde quando saiu a confirmação do primeiro óbito em decorrência do Covid-19 em Santa Catarina. Era um idoso, que residia a pouco tempo numa Casa Geriátrica. As notícias indicavam o município da Instituição: Antônio Carlos, um município com cerca de 8.500 habitantes da Grande Florianópolis. Já não era muito difícil descobrir de qual Casa Geriátrica se tratava.
O idoso faleceu e acendeu um sinal para o atendimento de saúde do município. Todos os residentes e funcionários da Instituição foram testados para o vírus, funcionários com qualquer sintomas foram afastados e todas as medidas de prevenção haviam sido tomadas.
Hoje, na página da Prefeitura de Antônio Carlos no facebook, foi publicada a informação de que foram testados 28 idosos e 3 funcionários. O resultado saiu hoje: sete idosos e um funcionário. Foi informado, também, que outra idosa residente faleceu hoje (02/04) em decorrência do vírus.
Eu escrevo para me solidarizar com os idosos residentes, seus familiares, com a Casa Geriátrica e seus funcionários.
Lamentavelmente a prefeitura de Antônio Carlos divulgou o nome da Instituição que, como eu disse, era fácil de saber com uma pequena busca e exclusão das poucas instituições no município. Não vejo necessidade deste tipo de exposição, que só ajuda na ampliação do conceito deturpado que a sociedade tem as instituições para idosos.
Esta exposição não é boa para a casa, muito menos para os idosos residentes e seus familiares. Todo esse movimento em busca de “culpados” pela deflagração do vírus, cria um ambiente totalmente desnecessário e contraproducente.
O que importa de onde veio o vírus, quem infectou quem? Importa para onde ele pode ir, as medidas de prevenção e contenção do contágio.
A sociedade já tem como premissa de que as Casas Geriátricas são locais para onde os idosos vão quando não existe mais possibilidade de cuidados em casa, para onde vai quem não tem mais uma boa expectativa de vida. Esta visão vem sendo modificada aos poucos e com muito esforço dos proprietários, administradores, funcionários, prestadores de serviços, de parte da sociedade e de pessoas que estudam o envelhecimento e seus impactos na sociedade.
Todas as instituições adotaram medidas de prevenção e contenção. Estão tendo de lidar com o estresse dos idosos e familiares que não compreendem os riscos de manter contato físico. Estão tendo de lidar com os impactos deste isolamento e mudanças de rotina na saúde mental, física e emocional dos idosos e os demais envolvidos. Estão tendo que administrar funcionários afastados, funcionários que ainda estão em condições de trabalho.
Lembro, ainda, da dificuldade que as Casas, especialmente as privadas, enfrentam no dia-a-dia para que os idosos residentes sejam atendidos pela Rede Pública de saúde. Quando não estamos em situações de epidemias, colapsos ou campanhas de vacinação, é raro que se consiga o acompanhamento por uma unidade básica. A entrega de medicação também pode ser uma tormenta.
E, ainda, tem a situação de um idoso vir de um município para residir em outra cidade e a rede de saúde não o insere nos programas porque o idoso "mora em outra cidade pelo seu cadastro". Mas veja bem, uma Instituição geriátrica não é uma casa? Sendo uma casa não é a residência do idoso? Bom, mas este é um assunto pra outra conversa.
Não sejamos injustos ao apontar dedos. Uma Instituição para Idosos está com sete residentes positivos ao Covid-19. Este é um dado grave e que requer muita atenção. Mas não vamos atrelar este quadro à um “culpado”, combinado?
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