A campanha pelo isolamento social desde o início de março, auxiliou no número de infecções pelo Corona vírus, mas trouxe uma nova realidade: a convivência 24 horas por dia.
São muitas as piadas, os memes e os relatos sobre a reunião familiar forçada dentro do ambiente doméstico. De fato é um desafio em tanto! Estamos acostumados às reuniões familiares nos finais de semana, em datas festivas e nas férias. Mas em todas essas ocasiões nós temos três fatores importantes: (1) nós temos a opção de estar reunidos, (2) nós sabemos quando o período de convivência termina e (3) podemos mudar de companhia se quisermos.
O isolamento domiciliar já vinha sendo apresentado em outros países, mas demoramos para agir no Brasil e, por isso, muitas famílias foram para casa para o final de semana, numa sexta-feira 13 de março e foram convidadas a não sair mais. Sem preparação prévia, nem emocional, nem financeira, nem da dispensa. Na semana seguinte, "soldados" familiares foram escolhidos para ir às ruas para sanar as necessidades da família.
E o acúmulo de notícias de mortes, disseminação, contágio, escassez e desalento, tornaram o medo cada vez maior e viraram o tema principal da rotina familiar. Talvez, este seja o principal problema no convívio familiar forçado. Como não estamos acostumados a conversar, deixamos o assunto do momento tomar conta da sala de estar.
Fico bem atenta aos conselhos e dicas para os idosos e seus familiares. Tantas informações sobre ações que já deveriam acontecer no dia-a-dia, nos finais de semana, nos feriados, nas férias da família. Mas precisamos de uma pandemia para descobrir que não devemos chantagear, mentir, omitir ou diminuir os idosos. Precisamos de uma pandemia para saber que estimular o convívio lúdico entre a família, dedicar um tempo para ouvir e contar histórias, para compartilhar as atividades domésticas e para cuidar da saúde mental são fundamentais para a saúde.
Não é interessante essa parte da história? Nós sabemos o que fazer, mas não fazemos! Precisamos ser colocados pra dentro de casa à força para sermos colocados em xeque-mate sobre a forma como conduzimos as nossas relações mais próximas.
Vamos às dicas?
- Manter a rotina, especialmente de horários de alimentação;
- Estabelecer horários de trabalho para quem está em home office (e fazer a família toda entender e acatar);
- Cuidar da alimentação, pois precisamos do nosso organismo saudável;
- Buscar meios de interação entre a família com jogos, sessão de filmes, uma parada para olhar álbuns da família, etc;
- Fazer pequenas atividades físicas, mesmo dentro de apartamento. Isso é importante para mantermos o corpo em movimento e a ansiedade controlada;
- Criar canais de contato com os demais familiares e amigos, especialmente dos idosos, pois o acúmulo de notícias ruins torna importante que se perceba que todos estão bem e resguardados (ligações por vídeo estão sendo uma boa saída);
- Sendo possível, faça compras online, evitando as saídas;
- Se for preciso sair de casa, observar as questões de higienização e prevenção
- Sem alardes mas com responsabilidade: conversem sobre as notícias, os acontecimentos, as perspectivas, mas com cuidado e sem causar pânico nas crianças e nos idosos;
- Tenham momentos para cada um: é importante que cada membro da família também tenha a sua privacidade e individualidade preservados;
- Fiquem atentos a qualquer sintoma e mantenham os cuidados de higienização na casa e entre as pessoas, mesmo que ninguém saia de casa;
- Aproveitem para ler e fazer cursos online e não pensem que idosos não podem navegar a aprender pela internet!
- Aliás, aproveite para ensinar os idosos a usar o celular, o tablet ou mesmo o computador.
Vai passar! Tenho certeza de que vamos passar por este período e que vamos tirar ótimos aprendizados disto tudo. Basta que tenhamos o olhar atento.