Muitas famílias enfrentam aquele momento que não conseguem mais ofertar os cuidados para um determinado idoso e buscam o auxílio e acolhimento numa Casa Geriátrica. Infelizmente essa busca, muitas vezes, é realizada sem conhecimento prévio do que se deve verificar antes de contratar o serviço.
Uma Instituição de Longa Permanência para Idosos - ILPI, é regida por uma série de normas e legislações, você sabia disto? Não basta uma casa arrumada e limpa. Não basta a aparência de regularidade. É preciso estar operando conforme as regras.
Ao observar as regras, as famílias garantem, inicialmente, que não haverão movimentos de interdição da casa, causando transtornos e rupturas do idoso com as pessoas que lhe ofertam os cuidados diários.
Vamos a um pequeno check-list?
1. Verifique se casa possui alvará da vigilância sanitária e dos bombeiros. Esses documentos vencem anualmente e podem levar mais de um ano para serem renovados (sim, a burocracia e a morosidade são gigantes). Então, se não houver alvará renovado, peça mais informações para a administração da casa.
2. Olhe atentamente os espaços físicos. Eles não devem ter degraus e escadas que impeçam a movimentação segura dos idosos. Também deve permitir o trânsito de cadeira de rodas e macas para atendimentos de urgência e emergência.
3. Observe a organização e limpeza da cozinha. Peça para conhecer, olhe a dispensa, verifique a quantidade de alimentos e estoques. Muitas casas geriátricas irregulares não mantém um estoque mínimo de alimentos para além de dois dias. Isso é preocupante. Também analise a qualidade dos produtos e do seu armazenamento.
4. Peça para andar pela casa. Verifique odores. Cheiro de xixi ou fezes? Cheiro de mofo ou paredes sujas ou mofadas? Pisos, azulejos, janelas, cortinas, lençóis... tudo deve estar limpo!
5. Fique um tempo com os residentes. Olhe sua aparência, veja como os funcionários interagem com eles, saiba dos espaços coletivos e atividades que o seu idoso poderá fazer, considerando suas condições de saúde e cognitivas.
6. Peça informações sobre os profissionais envolvidos nos cuidados da casa. É obrigatório ter enfermeiro responsável técnico, nutricionista, técnico de enfermagem e cuidadores. Também é preciso ter funcionário próprio para cozinha e para a limpeza.
7. A casa deve oferecer, no mínimo, 12 horas semanais de atividades coletivas.
8. Leia o contrato. Verifique o que está incluso no valor da mensalidade, como a casa age em situações de chamado de urgência/emergência, os meios e motivações para a rescisão contratual, a taxa de atualização contratual anual e outros itens que devem ser dirimidos. Não assine contrato em dúvida e exija a sua cópia.
9. Busque saber qual suporte a casa oferece nos casos de problemas familiares existentes antes mesmo do acolhimento do idoso (exemplo: irmãos que não conversam entre si, idoso curatelado por terceiro não familiar, etc).
10. Horário de visitas! Esse horário estabelecido pela casa é possível para os horários dos familiares? Existe meio de abrir exceção, se não for compatível?
11. Localização: escolha uma casa que seja de fácil acesso para a maior parte da família, ou, para o familiar que ficará responsável pelo contato com a casa para o fornecimento de itens de uso do idoso.
12. Valor da mensalidade. Pode parecer uma besteira lembrá-los de verificar o preço cobrado... mas vejo muitas famílias, no desespero de encontrar um local em que se sintam acolhidos e suas angústias bem recebidas, assinam o contrato contando com uma vaquinha familiar, com um recurso que "vai entrar", com o valor de locação da casa do idoso que será acolhido. Contando com o duvidoso, em algum momento deixará de dar certo. Existem casas de todos os valores. Uma procura calma e criteriosa sempre dará certo.
13. Por último e não menos importante, peça referências aos amigos, pesquise na internet, converse com profissionais da saúde. Referência ainda é a melhor moeda, quando falamos de cuidados.
Tentei resumir algumas questões que entendo que sejam importantes. Decidir pelo acolhimento de um idoso ainda é um movimento bastante doloroso para a família e para o próprio idoso. Isso porque não falamos sobre envelhecimento e sobre as necessidades de cuidado. Além disso, não temos a cultura do acolhimento, fazendo com que a sociedade em geral entendam as Casas Geriátricas como asilos, aquelas instituições para onde mandamos os enjeitados, os desvalidos, os moribundos... mas essas casas são locais de muita vida, de esperança, de cuidado e de segurança.
Faça sua pesquisa, envolva o idoso na escola de sua nova morada e lembre-se: ele não estará preso e poderá dormir na casa dos filhos e netos, viajar, sair para almoçar e passar datas especiais com seus familiares.
Boa sorte em sua busca!
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